Olá! Chamo-me Catarina e sou ornitofóbica! (E não, não pertenço aos ornitofóbicos anónimos. Aliás nem conheço ninguém com esta fobia. Pelo menos, não pessoalmente.)
Traduzindo em miúdos (e miúdos – não de galinha, porque não é, de todo, uma boa palavra e já vão perceber porquê!) é uma fobia a aves. Que graduadamente se foi alastrando também para penas.
Comecemos por explicar o significado de fobia.
Então, “fobia” vem do grego φόβος, "medo", em linguagem comum, e é o temor ou aversão exagerada ante situações, objectos, animais ou lugares.
Existem um sem-número de fobias. Habitualmente destacam-se algumas como as mais frequentes.
Animais:
Cobras
Aranhas
Ambiente e consequências catastróficas:
Tsunamis
Trovoada
Saúde:
Agulhas
Sangue
Situações pouco comuns ou arriscadas:
Andar de avião
Andar de elevador
Estas situações podem originar vários sintomas verdadeiramente desconfortáveis e que para o "comum dos mortais" podem parecer inexplicáveis. Assim e obviamente dependendo das pessoas e do tipo de fobia, os mais comuns são os seguintes:
- Medo/pânico
- Falta de ar
- Palpitações
- Dores no peito
- Tonturas
- Sensação de falta de realidade
- Formigamento
- Calor ou frio
- Desmaio ou tremores
- Medo de morrer, enlouquecer ou perder o controlo
Bom, no meu caso, a ornitofobia surgiu na minha vida bem cedo. Tinha 3 anos. Era um corvo.
Aliás, quase todas as fobias surgem até aos 6 anos, porque é a fase de assimilação de conceitos. Certos ou errados.
Teve que ver com um trauma de infância que depois foi desencadeando uma série de outras situações similares e que levaram a um medo irracional de aves. De tal modo, que hoje em dia e já desde os meus 6 anos que não como carne de aves, não posso sentar-me numa esplanada, não consigo utilizar almofadas, edredons ou casacos de penas, não vou a praias, não toco em espanadores, de ver programas como a BBC, entre outros.
No início, foi muito difícil lidar com o meu “problema”. Existe uma faixa etária, principalmente na adolescência, em que a opinião dos outros comanda a nossa vida. E comigo não foi excepção.
Era gozada por colegas, familiares e até funcionários da escola. Como sempre vivi perto do rio, as gaivotas e as pombas são presença assídua em todo o lado. E não foi nada, nada fácil.
A minha vida deu uma volta de 360 graus no primeiro dia em que desmaiei. A partir de dada altura, senti que tinha de criar defesas e então comecei a tentar demonstrar aos outros que eu conseguia superar esta situação. E resultou.
Já provei frango, se é que se estão a perguntar (comi até aos 6 anos e lembro-me perfeitamente do sabor de um churrasco, tenho saudades até, porque gostava). Mas infelizmente isso não significa que o consiga comer. Se eu lido bem com isso? Tem dias.
Mas, neste momento, já sou uma mulher resolvida o suficiente para deixar de dar importância àquilo que já deixou de a ter há vários anos. Os outros gozam? Paciência. Ignorância deles.
Posso estar a parecer fria mas a minha adolescência obrigou-me a isso mesmo.
Quantas e quantas pessoas têm medo de insectos ou de alturas ou de palhaços ou de estar fechados e ninguém reprova? É assim tão difícil compreender que haja quem tenha medo de tomar banho, de uma pastilha elástica, do sol, de porta-chaves, da cor laranja, de passar debaixo de escadas, de aves?! Talvez.
Mas acreditem que não é culpa nossa. E não queríamos ser assim. Pelo menos eu não queria. Causa-me muitos constrangimentos e já me causou dor.
De qualquer das formas a vida é feita de diferenças, porque se todos gostássemos do azul, o que seria do amarelo?
E vocês têm fobias?
PS: Peço desculpa este post não ter imagens da minha fobia, mas não consegui mesmo procurá-las. No entanto, sei que existem e há uma em particular muito comum de uma criança com um periquito na cabeça. Aliás, existem vários filmes (Harry Potter e Pássaros) que abordam o assunto e podem e devem procurar mais informação…
Porque aprender e respeitar nunca fez mal a ninguém…